20 de agosto de 2014. A data ficou marcada na memória, porque foi o dia que minha vida mudou completamente.
Deitada na sala de exames, meu coração estava disparado. Acabara de terminar o primeiro trimestre da gravidez e finalmente veria a carinha do meu bebê – sim, bebê mesmo, no singular! Mais do que isso, o exame morfológico do terceiro trimestre detectaria alguma má formação do feto e isso me deixava apreensiva.
– Bom dia mãe, vamos começar. Vai ser um pouco gelado no começo, não se assuste.
Mal sabia que o principal susto seria muito mais do que o gel gelado na minha barriga.
E segue o diálogo:
– São dois, né?! – perguntou a enfermeira.
– Não, é um só! – respondi.
– Sim, são dois! – ela insistiu.
– Não, tenho certeza, é um só! – retruquei impaciente.
– Olha aqui. São dois: o primeiro (ela passou o ultrassom no lado esquerdo da minha barriga) e o segundo (deslizando para o lado direito).
Perplexa, ainda não acreditava. Na minha cabeça, a enfermeira estava zoando, me mostrando o exame da paciente anterior.
– São gêmeos sim e já vou avisando, porque sei que você vai sair daqui e olhar no google. Eles estão dividindo a mesma placenta e a mesma bolsa. Você tem uma gravidez de risco, eles terão que nascer prematuros.
Olhava para o meu marido incrédula. Parei de escutar na parte do: são gêmeos. Não compreendia como isso podia estar acontecendo. Nunca pensei em ter gêmeos, pelo contrário, sempre dizia que não queria isso.
Saí da sala em estado de choque. Passei o dia no trabalho mostrando meu exame para todos os colegas, era uma tentativa de tentar compreender o que estava acontecendo.
A noite, já em casa, eu chorava, copiosamente, com medo do futuro. Sempre quis engravidar, mas de gêmeos? Como era possível cuidar de dois bebês ao mesmo tempo? E o enxoval? E a amamentação? E as fraldas? E a escola? E a faculdade? E as viagens? E as idas ao cinema? E as saídas para os restaurantes? E a vida, como seria a partir de agora?
Filha, parabéns e parabéns!! Que bom que você decidiu seguir em frente com essa ideia super, ultra legal! Desabafo, memória, registro, iniciativa de mulher corajosa e jornalista competente e antenada. Beijo da Mamis.
Elvira
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Participei desse dia. Foi lindo e desesperador, tudo ao mesmo tempo agora. A conclusão que chegamos foi… se tem gente que dá conta de criar cinco, seis, ganhando muito menos e com menos estrutura emocional e familiar, certamente Mari e Bê dariam conta. Não preciso nem dizer que deram, estão dando e sempre darão. Viva Pedro e Gabis!
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