Oito de janeiro de dois mil e quinze. Dei entrada na maternidade.
Estava muito quente e sentia o meu corpo todo inchar. Depois de mais de cinco horas esperando vagar um quarto no hospital, o ossinho do meu tornozelo já havia sido engolido por uma massa que afundava ao menor toque.
Finalmente consegui um quarto – quinto andar, um dos muitos ocupados pela maternidade. O quarto era muito semelhante a qualquer outro dentro daquele hospital, mas algo chamou minha atenção. Um berço ao lado da cama. A lógica era que ao dar a luz, a mãe voltasse para o quarto e, horas depois, recebesse seu filho ali. Mas desta vez a lógica não se aplicaria e eu já sabia disso.
“Você pode tirar esse berço daqui? Não vamos usá-lo.”
Não podiam me atender: normas do hospital. “Mas eu já sei que meus filhos não virão para cá, vão direto para a UTI.” A negativa continuava. “Infelizmente”, a enfermeira lamentou.
Por mais que eu soubesse que meus filhos não iriam para o quarto, aquele berço, ali, era a realidade batendo à porta, entrando e me dando um soco no estômago. Nenhum bebê naquele quarto ocuparia o berço ao lado da cama. E isso me entristecia.
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