Em 10 de janeiro de 2015 eu nascia como mãe e ali, logo ao meu lado, Bernardo Borges nascia como pai. E que pai!

A decisão de ter filhos foi tomada totalmente em conjunto e logo o Bernardo se propôs a mudar de vida. Decidiu virar freelance, trabalhando de casa, para poder ter mais tempo ao lado dos futuros rebentos (o que se estendeu a um maior tempo ao meu lado também. Ele esteve comigo em cada ultrassom – e olha que não foram poucos – e consulta pré-natal). Mas não foi só a vida profissional que ele quis mudar. Assim que eu engravidei, passamos a consumir produtos orgânicos – e tentamos seguir essa dieta até hoje, principalmente ao fazer a comida dos meninos – e a ideia de ter uma vida mais calma e perto da natureza permeia quase que diariamente os nossos papos.
Toda essa dedicação pré-filhos se seguiu no pós-parto e nos meses depois. O Be se manteve ao meu lado – e ao lado dos meninos – todos os dias de hospital. Depois, já em casa, ele acordava junto comigo em toda mamada da madrugada e fazia questão de participar dos banhos e das constantes trocas de fralda.
A participação do Be foi determinante nos momentos decisivos da vida de Pedro e Gabriel até hoje. Quando decidimos tirar a chupeta dos meninos, lá pelos 7 meses de idade deles – e o meu primeiro de volta ao trabalho –, a sua calma e determinação foram condicionais para o sucesso da decisão.
Já na fase da introdução alimentar, não vou negar, o BLW (método que consiste em oferecer a comida em pedaços e permite que o bebê se sirva sozinho) só funcionou porque o Bernardo sabia que tudo daria certo, era só uma questão de tempo para eles passarem a comer de tudo numa boa, porque eu mesma não tinha a mesma paciência diante de tamanha sujeira e bagunça.
A minha ideia aqui nesse texto não é apenas homenagear o meu marido nesse dia dos pais. A ideia é aproveitar esse dia para levantar uma discussão: a de que pai não deve ajudar, ele deve fazer! Claro que cada um sabe o tempo que tem. No meu caso, por exemplo, tenho a sorte de o Bernardo ser bastante disponível para os meninos – até mais do que eu durante a semana.
Quando me perguntam se o meu marido ajuda com as tarefas de casa e com os meninos, eu digo que não. Ele não me ajuda, porque, para mim, ajudar pressupõe que o que a pessoa está fazendo não é uma função dela e sim função do outro e o que ele faz é apenas “dar uma mão” na tarefa obrigatória do outro. Por isso, eu digo que não, ele não me ajuda. Ele faz!
Pedro e Gabriel não são só MEUS filhos, são NOSSOS filhos e a educação e formação deles depende de nós dois. Claro que há momentos que os meninos querem estar mais grudados em mim, talvez por eu passar mais tempo fora ou por eles estarem numa fase de querer muito o colo materno, mas isso não impede do Bernardo preparar a janta, aprumar o banho e estar junto na hora de coloca-los na cama.
Sei que cada família tem o seu modelo e que cada um sabe o que é melhor para si. Mas, acredito que há padrões culturais que devem ser quebrados para uma melhor evolução humana e percebo que existem cada vez mais pais querendo desconstruir o modelo de paternidade que está só presente na hora de jogar bola. Para esses pais, parabéns pela mudança de hábito, vocês são foda!
PS: Esse meu relato conta um pouco de como é a relação do Bernardo com os nossos filhos. Para saber mais, ouvir as experiências de outros pais e até compartilhar as suas, participem do Papo de Pai.
Deixe uma Resposta