
“Você ou o seu marido têm gêmeos na sua família?”. Essa talvez tenha sido a pergunta que eu mais ouvi nos últimos dois anos e meio, desde o dia que descobri que seria mãe de dois. Pode parecer irritante ter que responder essa questão para toda pessoa que descobre – ok, a maioria das pessoas sou eu mesma que conto – que sou mãe de gêmeos. Mas, para falar a verdade, eu adoro falar sobre isso.
Quando engravidei, a possibilidade de ter uma gestação gemelar não me era uma preocupação. No alto do meu conhecimento sobre gêmeos, entendia – pelo que lembrava do que aprendi na escola – que esse tipo de gestação era genética e uma não existindo nenhum caso desse na minha família, eu estava “segura”. Por isso, quando descobri que seria mãe de gêmeos, eu surtei, como vocês podem ler no meu relato.
Passado o susto, foi o momento de me informar. Como era possível estar grávida de gêmeos? O que queria dizer o fato de eles serem idênticos? O que significa a sigla mono/mono? Eram tantas as minhas dúvidas – e a de todas as pessoas que conversam comigo sobre isso –, que achei interessante escrever sobre o tema. Sei que é bem prepotente chamar de definitivo esse post, até porque a própria ciência ainda está engatinhando no que diz respeito à gravidez de gêmeos, ainda mais os idênticos, mas segue todas as informações que juntei nesses quase três anos lendo e ouvindo sobre o tema.
Os tipos de gravidez gemelar

Existem dois tipos de gestações de gêmeos: a bivitelina e a univitelina, que pode gerar três tipos diferentes de gestações, a dicoriônica e diamniótica, a monocoriônica e diamniótica e a monocoriônica e monoamniótica.
A gestação bivitelina é aquela que forma os gêmeos fraternos, ou diferentes. Ela ocorre quando dois óvulos são fecundados, formando assim dois embriões totalmente distintos. Esse é o tipo de gestação dita genética. O fator genético é a questão de a mulher liberar mais de um óvulo enquanto está ovulando. Antigamente acreditava-se que essa característica era apenas passada de mães para filhas. Mas, recentemente essa teoria foi desmistificada, como mostra o livro “Gêmeos e Múltiplos. Tudo o que os Pais Precisam Saber”, da editora Manole e escrito pelos pediatras Renata Dejtiar Waksman e Cláudio Schvartsman. De acordo com a publicação, a característica genética pode ser passada por ambos os pais para as suas filhas.
Sim, filhas! Lembre-se, o gene tem que ser ativo na mulher, afinal é ela quem ovula.
Esse tipo de gestação é a mais frequente, principalmente por conta dos tratamentos hormonais ou das inseminações artificiais. Ainda de acordo com o livro de Waksman e de Schvartsman, por conta dos tratamentos de fertilização, a ocorrência da gestação bivitelina é de 30 partos desse tipo para cada mil.
A gestação univitelina, aquela que forma gêmeos idênticos, ocorre quando um óvulo é fecundado, mas durante a divisão celular, as células se dividem de tal forma que acabam gerando dois embriões. E, pasmem, esse tipo de gestão é totalmente ao acaso, ou seja, qualquer pessoa (como eu) pode ter.
Esse tipo de gestação pode ocorrer de três formas distintas e o que vai definir isso é o tempo da divisão celular:
– duas placentas e duas bolsas (dicoriônica e diamniótica): assim como nos gêmeos fraternos, os gêmeos idênticos também podem se formar a partir de duas placentas e duas bolsas. Esse tipo de gestação ocorre logo no início da divisão celular do embrião. São casos mais raros, mas eles existem.

“Nossa, mas então como saber se os gêmeos serão idênticos ou não?”. Se os bebês tiverem o mesmo sexo, só será possível saber com certeza no nascimento, em eles sendo muito diferentes, mas para ter 100% de certeza, só fazendo um exame de DNA mesmo.

– uma placenta e duas bolsas (monocoriônica e diamniótica): esse é o tipo de gestação mais comum entre os gêmeos univitelinos, mais de 70% dos casos de gêmeos idênticos são deste tipo. Nesta gestação, a divisão embrionária ocorre entre o 4º e 8º dia após a fertilização.
– uma placenta e uma bolsa (monocoriônica e monoamniótica): nesta condição de gestação, os bebês se desenvolvem totalmente no mesmo ambiente. É um caso bem raro. Apenas 1% dos gêmeos idênticos é formado dessa forma.

A gestação mono/mono acontece quando a divisão embrionária ocorre depois do 8º dia. Nela há um risco bem alto de os cordões umbilicais dos bebês se entrelacem, formando um nó que, se muito apertado, interrompe os suprimentos dos fetos. Não à toa, a indicação para essas gestações é que sejam interrompidas entre 32 e 33 semanas, quando o risco deste entrelaçamento é aumentado.
Gêmeos siameses
Também gerados em uma mesma placenta e mesma bolsa, a ocorrência de gêmeos conjugados, ou siameses (referência ao local de nascimento, Sião – atual Tailândia –, dos gêmeos conjugados mais famosos da história moderna), está ligada ao momento da divisão celular do embrião.

Para ocorrer uma separaçãoembrionária adequada, ela deve ocorrer entre o 3º e o 13º dia de fertilização. No caso dos gêmeos siameses, essa separação é mais tardia, acontecendo entre o 15º e o 17º dia depois da fertilização.
Não sei se é o post definitivo sobre gêmeos, mas está muito detalhado, informativo e gostoso de ler. Beleza, Maricota.
Bjos da Mamis
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